Sobre a REDHUMANI
A concepção de territórios que educam, primeiro eixo estruturante de mobilização da REDHUMANI, assenta-se na ideia de que os territórios são lugares da existência individual e coletiva e, portanto, são dinâmicos na produção material, afetiva e simbólica da vida. Neles, a potência da educação se amplia, move a formação humana desde a etapa básica até os níveis de profissionalização e apropriação da pesquisa científica. É nas suas entranhas que estão as escolas, as universidades, os institutos e todas as demais instituições educativas, sejam elas formais ou não formais, públicas ou privadas. A formação se dá para e pela cidadania. Por sua dinâmica, natureza, complexidade e abrangência, o território torna-se, ele mesmo, um currículo aberto para aprendizagem e desenvolvimento humano.
A matriz que inspira a ideia de territórios que educam vincula-se a um movimento internacionalmente conhecido, denominado Cidades Educadoras, que ganhou força no Brasil por diferentes frentes de ação mobilizadas sobretudo por municípios que aderiram ao movimento, a exemplo de Porto Alegre (1994) e Curitiba (2019), e na área da educação, pelo destaque à pauta da Educação Integral que ganhou impulso com o Programa Mais Educação (2007-2016) com seu importante papel indutor de políticas públicas, seus desdobramentos e agendas intersetoriais no âmbito dos vários ministérios federais envolvidos (Educação, Desenvolvimento Social e Combate a fome, Cultura, Esportes, Saúde, Meio Ambiente, entre outros), bem como a partir das demandas territoriais pautadas por uma miríade de movimentos sociais, escolas e organizações da sociedade civil.
A educação, especialmente a produzida com ancoragem na ética, na cidadania e na democracia, humaniza as relações da vida e é humanizada por elas. Pela educação, os espaços públicos podem tornar-se espaços de bem- viver, mais saudáveis na convivência, lugares de experiência criativa, de resistência e de lutas, de ampliação de oportunidades no campo profissional e de acesso ao conhecimento, à arte e à cultura. O inverso é igualmente verdadeiro, os territórios podem, dialogando com a educação, enriquecê-la.
Nessa mesma linha, entendemos instituições educativas socialmente justas (segundo eixo) como ambientes educativos integrados à vida nos territórios, também promotores de cultura e de conhecimento, mobilizados por currículos capazes de induzir percursos de formação humana, no sentido pleno da educação. São instituições, por premissa, comprometidas com a inclusão, a formação cidadã, o desenvolvimento social, o direito à educação, o exercício e a garantia da liberdade, a equidade e a dignidade humana – conquistas históricas fundamentais.
Entendemos que iniciativas institucionais visando a melhoria das condições da vida contemporânea não avançam sem a conjugação de esforços em patamares de articulação interinstitucional e intersetorial. A REDHUMANI assume essa perspectiva porque entende que instituições educativas e gestoras/es municipais podem atuar juntos na promoção de ações que integrem formação escolar/acadêmica com vida democrática nos territórios. Este é o convite que fazemos às instituições que atuam com formação humana, porque, supomos, também movem significativos esforços para a construção de um mundo melhor para nossas crianças, jovens, pessoas adultas e idosas.
Entre os grandes desafios sociais do Brasil está o enfrentamento da chaga da desigualdade social-educacional por meio da superação dos índices de miséria e pobreza, da fome, do racismo estrutural, da marginalização de parte significativa da população, do desemprego, das dificuldades intra e extraescolares por parte das populações mais vulneráveis, enfim, do baixo nível de acesso de parte da sociedade às riquezas materiais e culturais geradas historicamente. Temos a convicção que a Educação, especialmente a pública, entendida como direito universal e subjetivo, pode alterar gradualmente essa dura realidade, especialmente quando tratada com prioridade, clara intencionalidade e sentido de urgência.
A REDHUMANI, como espaço aberto de debate científico, social e político, e também de proposições focadas na formação escolar integrada aos territórios, assume um conjunto de fundamentos que, entendemos, devem servir como horizonte para construir interlocução com seus pares institucionais, seja no campo da própria educação superior e básica ou de outras áreas interessadas no aperfeiçoamento das condições de vida e convivência das crianças, jovens, pessoas adultas e idosas nos territórios das cidades.